v. 2 (2018): II ENCONTRO ANUAL: ANAIS DA REDE DE PESQUISA EM GOVERNANÇA DA INTERNET
Artigos

Privacidade, colonialidade e os limites da resistência criptográfica

Gustavo Ramos Rodrigues
Universidade Federal de Minas Gerais
Biografia

Publicado 31.10.2018

Palavras-chave

  • Privacidade,
  • Decolonialidade,
  • Estudos Pós-Coloniais,
  • Vigilância Racializada

Resumo

O presente trabalho discute as relações entre a ordem colonial e o direito à privacidade. A análise é apresentada em dois momentos. No primeiro, discute-se a constituição de categorias essenciais à modernidade europeia, como cidadania e soberania, para evidenciar seu alicerce colonial. No segundo momento, discute-se as relações entre a ordem colonial e o direito à privacidade a partir de dois eixos: i) a constituição histórica do direito à privacidade, sobretudo no que se refere à economia de visibilidade que perpassa o contexto de produção do artigo The Right to Privacy, de Louis Brandeis e Samuel Warren; ii) a distribuição desigual da privacidade entre diferentes grupos sociais, a qual se expressa tanto na desigualdade de acesso à dispositivos móveis criptografados, quanto nas violações da privacidade que ocorrem através do acesso de autoridades policiais a dispositivos móveis durante em flagrantes e abordagens policiais sem que o usuário consinta. No fim, argumenta-se em favor da necessidade de uma posição anticolonial para uma defesa mais efetiva e genuinamente universal do direito à privacidade.