Publicado 31.10.2018
Palavras-chave
- Big Data,
- Sistemas sociotécnicos,
- Riscos,
- Proteção de dados,
- Ajuda humanitária
Resumo
A expansão do número de pessoas e dispositivos hiperconectados, associada ao volume quase incomensurável de dados gerados diariamente, tem impactado os mais diversos setores da economia, sistemas políticos, bem como a produção e o consumo de bens culturais de forma explícita e incontestável. Nesse cenário, mudanças relevantes também são observadas na forma como a tecnologia e os dados têm sido usados com viés humanitário. Este artigo tem por objetivo, por meio de revisão bibliográfica, mapear as recentes discussões em torno dos conceitos de "big (crisis) data" e "digital humanitarianism", discutindo riscos e oportunidades atrelados à expansão de iniciativas que, compostas por uma complexa rede de elementos sociotécnicos, buscam responder a emergências e catástrofes em tempo real. Tendo em vista as inúmeras promessas e soluções baseadas em Big Data pensadas e já experienciadas em ações humanitárias, discute-se também algumas preocupações relacionadas ao uso de dados gerados durante desastres (e.g. dados de mídias sociais, mensagens de texto (SMS), fotos, imagens capturadas por satélites e drones e dados diversos de telefones celular, dentre outros) e a possibilidade de casos de discriminação, compartilhamento de informações falsas e ameaças à privacidade em decorrência de tais processos. Essa nova dinâmica chama atenção para desafios regulatórios e a importância de se desenvolver políticas, e não apenas tecnologias inovadoras, capazes de responder de forma eficiente e responsável, sobretudo no que diz respeito aos direitos das potenciais vítimas.