Redes Comunitárias e a Promoção de Infraestruturas Autônomas de Comunicação

Resumo

Redes comunitárias são uma realidade em todo o mundo. Muito além de apresentá-las como alternativas para "conectar aos desconectados", este artigo pretende descrever como essas iniciativas têm se organizado para inventar suas próprias formas de "conectarem a si mesmos", deslocando a discussão sobre o provimento de acesso à Internet para a defesa de soluções tecnológicas adaptadas visando o exercício da liberdade de expressão local e global. Partindo da experiência da CooLab e da Associação Brasileira do Rádio Digital, ambos coletivos dedicados à construção de infraestruturas autônomas de comunicação, o intuito é desenvolver uma reflexão sobre a importância de se fomentarem redes comunitárias levando em consideração o princípio de complementaridade presente no Art 223 da Constituição brasileira, desde uma perspectiva teórica de criação de uma esfera pública onde coexistam infraestruturas comerciais, públicas e comunitárias, pondo ênfase no debate público que emerge a partir de infraestruturas autônomas de comunicação. Apresentando tanto equipamentos de baixo-custo quanto novas ferramentas de produção e circulação local de conteúdo, a proposta é descrever o diferenciado método de ensino-aprendizagem tecnoestético, tecnomágico, contrapondo-o aos índices de conectividade, discutindo sobre a construção efetiva de sensibilidades culturais diversas de uso das tecnologias. Por fim, pretende-se argumentar em defesa do padrão Digital Radio Mondiale como alternativa para o Sistema Brasileiro de Rádio Digital no Brasil destacando seu potencial de convergência com a tv digital e a internet por meio do middleware ginga, que permite diferentes níveis de interatividade e a criação e compartilhamento de aplicativos e conteúdos entre grandes territórios e além-mar.